Promotor
Ágora - Cultura e Desporto do Porto, E.M., S.A.
Breve Introdução
No universo das curtas-metragens, os anos 2000 foram de grande fulgor. Nesta sessão, apresentamos três exemplos-chave de filmes que ecoam ainda os indícios da complicada transição para o futuro. Neles, personagens jovens querem ser outra coisa, estar noutro lugar. Mas estão ainda presos nas suas rotinas, nas suas famílias, nas suas casas. Estão zangados consigo mesmo e com o mundo. Só lhes sobra a vontade de fugir.
Sinopse
China, China, João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata
Um não-lugar entre a China, Lisboa e Nova Iorque dá o mote para esta narrativa transcivilizacional que explora um jogo de ilusões e desejos: Xiao Hong (que significa arco-íris da manhã) é uma jovem de 19 anos, casada e mãe de um filho, que prefere morrer a viver aprisionada pelas regras do trabalho, da família e da poupança. Os sonhos pop (aqui cantados pelos Pop Dell’Arte) e um par de sapatos, que evoca o que Judy Garland transformou num símbolo do sonho hollywoodiano, convencem-na a querer viajar para um lugar que existe apenas numa utopia pós-colonial.
Fim de Semana, Cláudia Varejão
Um fim de semana em família numa casa de campo. A filha adolescente tem um segredo para revelar, mas a família não lhe dá oportunidade: o pai impõe a sua autoridade patriarcal através da bruteza das palavras e dos gestos; a mãe refugia-se no telemóvel e na leitura; e o irmão é apenas uma criança que quer brincar. Neste primeiro trabalho ficcional de Cláudia Varejão já se vislumbra o olhar atento sobre as dores do crescimento e as relações afetivas que a cineasta desenvolveria nas obras seguintes.
Respirar (Debaixo D’Água), António Ferreira
No seu quarto, um adolescente enfrenta-se ao espelho. Incompreendido e reprimido por um pai violento, um colega traiçoeiro e uma professora insensível, Pedro só encontra um escape nas águas do Mondego. Uma tarde, Pedro salva Ana de morrer afogada, e espera que ela o salve da sua vida. A partir deste
coming-of-age, António Ferreira traz novas sonoridades e um sentido visual muito particular para o cinema português, aproveitando ainda a presença fulgurante de Alexandre Pinto, com Coimbra como pano de fundo. Um cinema para aprender a respirar.